Comecemos por um conto

O pequeno Jorge sempre viveu em Lisboa. Durante toda a vida não saiu do seu bairro. Não era preciso, tudo o que tinha estava à mão, por isso é que Jorge sempre pensava com os pés. Um dia foi raptado pelo M.E.R.D.A. (Movimento Expansionista Revolucionário Democrático de Avenças-de-Cima). Jorge foi levado e abandonado numa pequena terra do interior do país. Completamente desorientado Jorge procurou pela entrada de metro mais próxima, mas sem sucesso. Esperou numa paragem de autocarro mas nada aparecia. Tentou procurar uma esquina onde houvesse um homem gordinho chamado Mário que tivesse um café, mas sem sucesso. Nem lojas de decoração interior havia... que lugar seria este... o Inferno?
Finalmente, ao fim de 5 dias de de muitos metros precorridos, lá encontrou alguém. Foi levado até ao comboio mais próximo e quando finalmente chegou à Gare do Oriente ia vomitando o coração, tal era a sua excitação. Ao reecontrar os amigos Jorge descreveu onde esteve e o que se tinha passado.
"-E não te lembraste de chamar um táxi"-pergunta Ambrósio, um dos seus amigos mais viajados que, rezam as más linguas, já foi duas vezes a Leiria.
"-Olha... nunca isso me ocorreu."-respondeu um incrédulo Jorge desculpando-se com o seu nervosismo na altura.
"-Acho que sonhaste isso tudo."-continua Ambrósio. "Eu que já vi meio mundo, nunca vi tal coisa como essa... um sítio onde os passeios não tinham defecações caninas."
Não acreditarem em Jorge levou-o à locura. Suicidou-se com apenas 32 anos, altura em que frequentava o 2º ano de Sociologia no ISPA.